CCJ do Senado aprova novo seguro obrigatório para veículos
- 07/05/2024
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou
nesta terça-feira (7), por 15 votos favoráveis contra 11, o projeto de lei
complementar que recria o seguro obrigatório para donos de veículos, o antigo
Dpvat (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres). A previsão é que o
texto seja votado no plenário do Senado ainda nesta terça-feira. Se aprovado,
segue para sanção presidencial.
De acordo com o relator da matéria, senador Jacques Wagner
(PT-BA), o valor do novo seguro gira em torno de R$ 50 e R$ 60 por ano, sem
diferença entre motos e veículos, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.
“Repare que quando estava na holding de seguradoras, bancada
pelas quatro grandes seguradoras que tomavam conta do Dpvat até declinarem, o
valor era superior a R$ 100 [para carro] e superior a R$ 200 para a moto.
Portanto, havia uma gordura absurda”, argumentou Jacques Wagner, acrescentando
que como a gestão do seguro ficará com a Caixa Econômica Federal, o valor será
reduzido.
O seguro é usado para indenizar vítimas de acidentes de
trânsito, além de financiar o Sistema Único de Saúde (SUS) e ações de educação
e prevenção de acidentes por meio da Secretaria Nacional de Trânsito. O novo
seguro agora deve se chamar Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de
Acidentes de Trânsito (Spvat).
Parte da oposição criticou a proposta, alegando que se trata
de mais uma despesa a ser paga pelos donos de veículos. O senador Carlos Vianna
(Podemos-MG) propôs que apenas seja obrigado a pagar o seguro obrigatório quem
não tem seguro privado.
“Eu, por exemplo, tenho um carro na família, minha filha
dirige. [O veículo] Tem um seguro pra isso já, eu já pago esse seguro. Por que
você é obrigado a pagar o Dpvat? Por que nós temos que impor isso a toda a
sociedade brasileira? Vamos criar o seguro só pra quem não tem”, criticou o
senador.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES), por sua vez, argumentou
que o seguro é de caráter solidário, para que todos os donos de veículos ajudem
a pagar os custos dos acidentes de trânsito.
“É pago apenas por quem é proprietário de veículo automotor,
enquanto qualquer pessoa pode ser seu beneficiário. Daí a função de proteção
social. Se você atropela uma pessoa e você não sabe nem quem é o motorista,
impõe-se o recebimento do seguro”, explicou Contarato, acrescentando que “são
essas pessoas que não têm dinheiro para pagar absolutamente nada e que precisam
desse seguro”.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ) criticou o retorno do
seguro, justificando que seria um imposto novo para aumentar a arrecadação
federal. “Essa será a quarta, pelo menos que eu me lembre, votação em que nós
estamos dando ao governo a possibilidade de arrecadar mais, aumentando a carga
tributária”, destacou.
O senador Jaques Wagner negou que a intenção do projeto seja
fazer caixa para o governo, mas atender a população afetada por acidentes de
automóveis, que ainda procura pelo serviço. “Mesmo depois de [o seguro ter]
terminado em 2021, até 2023 780 mil pessoas procuraram [o Dpvat]”, justificou.
Acordo
O projeto em votação, além de criar o seguro obrigatório,
tem sido usado como moeda de negociação entre o Executivo e o Legislativo para
compensar o veto presidencial que retirou RS 5,6 bilhões em emendas
parlamentares do orçamento deste ano, uma vez que a negociação para aprovação
do projeto prevê que R$ 3,6 bilhões da arrecadação do seguro obrigatório sejam
usados para o pagamento R$ 2,4 bilhões em emendas de deputados e R$ 1,2 bilhão,
de senadores. O projeto recebeu uma emenda na Câmara que permite aumentar as
despesas da União em R$ 15,7 bilhões neste ano.
Veto
O relator Jacques Wagner negou destaques da oposição à
matéria, garantindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a
vetar o artigo que cria uma multa por atraso no pagamento do novo seguro,
conforme pedidos dos senadores Alan Rick (União-AC) e Vanderlan Cardoso
(PSD-GO).
“Estou me comprometendo aqui perante os senadores e perante
à comissão de que esse item, que é uma penalização excessiva, que veio da
Câmara, ele será vetado pelo presidente da República”, afirmou.
Seguro
Criado em 1974, o Dpvat era um seguro obrigatório destinado
a indenizar vítimas de acidentes de trânsito em todo o território nacional. A
indenização era paga em casos de morte, invalidez permanente total ou parcial e
para o reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada por danos
físicos causados por acidentes com veículos automotores de via terrestre ou por
suas cargas.
A cobrança foi extinta em 2021, quando a Caixa Econômica
Federal assumiu a gestão dos recursos e pagamentos do Dpvat no lugar da
Seguradora Líder, que era um consórcio de empresas privadas. Na ocasião, havia
um excedente em torno de R$ 4,3 bilhões, que permitiu a manutenção dos
pagamentos do seguro às vítimas de acidentes de trânsito.
Entretanto, o pagamento das indenizações foi suspenso em
novembro do ano passado, por falta de saldo no fundo do Dpvat. Agora, com a
aprovação do projeto, o seguro anual obrigatório voltará a ser cobrado de
proprietários de veículos e continuará a ser operado pela Caixa Econômica
Federal.
EBC | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
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