Retirada da vacina da covid de calendário infantil avança na Câmara
- 04/06/2024
Contrariando a posição da comunidade científica, avançou na
Câmara dos Deputados o projeto de decreto legislativo (PDL 486/2023) que exclui
a vacina contra a covid-19 do calendário infantil para crianças de 6 meses a 5
anos de idade. A medida derruba a decisão do Ministério da Saúde (MS) que
inclui o imunizante no Plano Nacional de Imunizações (PNI).
A autora do projeto, deputada Julia Zanatta (PL/SC),
recorreu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da decisão do presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que rejeitou o texto.
O recurso foi aprovado por 28 votos - sendo 25 do PL, um do
União Brasil, um do Novo e um do PP- contra 14 na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ), e agora precisa ser analisado pelo plenário da Casa. Ainda não
há data para a votação do recurso.
A deputada Julia Zanatta argumenta que a vacina contra a
covid-19 não teria sido suficientemente testada “pelo tempo”, sujeitando os
pais e responsáveis “a penalidades diversas, inclusive a perda da guarda dos
filhos”. Organizações científicas e o Ministério da Saúde rejeitam o argumento
da relatora.
“As vacinas [contra a] covid-19 estão entre os produtos
farmacológicos mais estudados na história recente da humanidade”, rebateu o
ministério em nota técnica, lembrando ainda que, somente neste ano, 30 crianças
morreram em decorrência da covid.
"As crianças representam atualmente uma proporção
relevante de casos, hospitalizações e óbitos decorrentes da covid-19. Apenas em
2024, até 18 de maio, foram registrados 1.150 casos e 30 óbitos por síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) por covid-19 na faixa etária com menos de 5
anos de idade”, afirma a nota.
A pasta lembrou ainda que a Lei n.º 6.259/1975 determina que
cabe ao Ministério da Saúde a definição das vacinas, inclusive as de caráter
obrigatório, e que “a inclusão da vacina de covid-19 no calendário foi
realizada com base em evidências científicas internacionais, além de dados
epidemiológicos de casos e óbitos pela doença no Brasil”.
A decisão de incluir a vacina contra o coronavírus no
calendário infantil foi apoiada pelo Câmara de Assessoramento de Imunizações do
MS, que reúne as principais organizações científicas do Brasil, como a
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Infectologia
(SBI), a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entre outras.
“A Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de
Medicamentos (ICMRA), que congrega 38 agências reguladoras de medicamentos,
incluindo a Anvisa, reitera a segurança das vacinas Covid-19 em crianças, com
base em dados de milhões de doses que foram administradas nesta faixa etária e
que são consistentes com as conclusões dos ensaios clínicos pediátricos”,
completou, em nota, o ministério.
A inclusão da vacina contra a covid-19 no calendário
infantil também conta com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos
conselhos nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e
Conasems).
EBC | Foto: Prefeitura de Toledo/PR
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